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Depoimentos Nar-Anon
PERTENCIMENTO
Membro Nar-Anon

Quando cheguei ao Nar-Anon, além dos sentimentos de medo, solidão, raiva, desespero e muitos outros que sentia naquele momento, todos muito ruins, um dos que potencializava minha dor, era o sentimento de ‘não pertencer’ a nenhum lugar: um profundo isolamento.

Não me sentia pertencente à família, os amigos tinham uma vida que eu não queria mais, porque eles estavam curtindo a vida e eu estava levando a vida a sério (na minha ilusão que ficar sofrendo com um adicto na ativa era uma vida de mulher séria, não tinha tempo pra futilidades como: viver a vida). Normalizei minha vida ‘sofrida’ com autopiedade. Eu não pertencia a lugar nenhum.

De fato, isto tudo ai é real, eu não pertencia, nesse aspecto, a nenhum lugar. Quem estava ao meu redor não vivia a minha dor.

Quando cheguei ao Nar-Anon, destroçada, chorei muito e vi desde o primeiro dia pessoas chorando, partilhando a mesma dor que eu sentia, pessoas que tinham passado e falavam: “depois de algumas horas aqui no Nar-Anon, eu tenho paz e serenidade...”, “Continuei voltando e hoje me sinto melhor...”, “No Nar-Anon recuperei minha sanidade e hoje sou feliz, faço as minhas coisas...’ “Opa... eles passam a mesma coisa que eu e conseguem isso...”, Como sou teimosa, pensei: “se eles podem eu também posso...”

Continuei voltando e aí descobri que essa irmandade é grande, precisa de pessoas que trabalham muito de forma voluntária e fazem esses grupos presenciais e on-line funcionarem. Também quero ajudar, quero também fazer esse serviço, não sei qual, mas quero! Eu já tinha todas as literaturas, já lia nas reuniões, já conseguia fazer o que outros faziam... partilhava sem chorar e partilhava mais feliz e daí comecei a prestar serviço para o meu Grupo... EU ESTAVA CONSEGUINDO! Eu pertenço a esse lugar!!

Hoje posso dizer com toda certeza que sou ‘uma Nar-Anon em recuperação’, porque ainda não me recuperei de tudo que preciso e ainda preciso melhorar muito e praticar uma reforma íntima mais profunda’, mas eu também posso dizer que graças ao programa, graças ao serviço, graças aos companheiros que me apoiaram no início e apoiam sempre, me sinto pertencendo a um lugar, a uma ‘comunidade’, me sinto pertencendo a um grupo de pessoas que lutam todos os dias para ter uma vida melhor e conseguem.

Os sentimentos de solidão, isolamento, depressão, autopiedade foram embora aos poucos. Eles tentam voltar às vezes, mas como me mantenho todos os dias em reunião, eles não conseguem submergir mais.

Gratidão a esta Irmandade que me presenteou com a dádiva de pertencer a um lugar de evolução emocional, mental e espiritual.

Depoimentos Nar-Anon
MINHAS REFLEXÕES SOBRE OS PASSOS
Uma Nar-Anon em recuperação

Cheguei a esta irmandade em plena pandemia do Covid-19, depois de ficar os últimos cinco anos em completo descontrole, num sofrimento, numa dor tal que eu achava que seria impossível encontrar serenidade. Lembro ter participado das reuniões de acolhimento para os recém-chegados e prosseguir no meu grupo de escolha. No início só chorava ao ouvir a leitura da literatura e os comentários dos novos companheiros, na hora de compartilhar a minha história era de muita dor, eu estava de luto, eu havia perdido meu filho amado para as drogas, minha vida havia perdido todo o sentido. Mas o tempo cura tudo, e se não cura, ameniza a dor das cicatrizes. Continuei voltando às salas, procurando manter a minha mente aberta. Adquiri toda a literatura e fiquei mais participativa, prestando serviço, lendo um texto e comentando até tomar coragem para começar a praticar as ferramentas que o Nar-Anon amorosamente estava me disponibilizando. Li e reli os Passos Um, Dois e Três até ter o meu primeiro despertar espiritual. Consegui entregar as minhas dores ao meu Poder Superior, confiar que seu eu não podia Ele poderia me trazer serenidade. Entregar a vida do meu filho a esse Poder Superior foi um pouquinho mais difícil, pois ora entregava, ora puxava de volta, ainda era parte do meu controle sobre a vida do outro. Fiz o Passo Quatro, listei os meus defeitos de caráter com muita dificuldade em reconhece-los como defeitos que precisavam ser corrigidos. Compartilhei com a minha madrinha e fui orientada a ler os Lemas. Todas as vezes que o meu controle se manifestava eu buscava um Lema: Até que ponto isto é importante? Pense, Primeiro as primeiras coisas, Só por hoje, Solte-se e entregue-se a Deus. Devagarinho consegui fazer o desligamento amoroso. Continuei voltando, prestando serviço no Grupo agora por gratidão a essa irmandade e com o desejo de que se dependesse de mim sempre haveria uma sala aberta para acolher quem quisesse ajuda. Caminhei um pouco mais e fui prestar serviço na estrutura de apoio aos Grupos, fiz os Passos de ação (Passos Sete, Oito e Nove) sempre apoiada pelos companheiros em sala. Depois de algum tempo reiniciei a minha caminhada de crescimento espiritual com os Passos Dez, Onze. A dor ainda existe, mas estou descobrindo que o sofrimento é opcional, aprendi a ter fé e confiar em meu Poder Superior, a ter compaixão pelo meu filho adicto que só por hoje continua na ativa. Tem sido uma longa caminhada até aqui. A cada manhã faço a Oração da Serenidade e estou descobrindo que ter coragem para mudar só depende de mim, que sem resistência me coloco à disposição para mais um despertar espiritual e poder de coração e mente aberta levar a mensagem de paz e serenidade em qualquer lugar em que me encontre. Sou grata a meu Poder Superior, sou grata a irmandade e sou grata até ao meu filho adicto. Por ele eu cheguei ao Nar-Anon e continuo por mim.

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